domingo, 23 de novembro de 2014

"O Ciúme": Uma das estéticas mais singulares do cinema atual









"Sorte do espectador, pois trata-se de uma das estéticas mais singulares do cinema atual, feita a partir de momentos desgarrados da vida íntima de personagens artísticos e emocionalmente instáveis".


Confira a crítica de Ruy Gardnier:



Relações delicadas

Depois de uma carreira inteira longe das telas brasileiras (inclusive festivais), Philippe Garrel tem seu quarto filme em sequência lançado no Brasil. Sorte do espectador, pois trata-se de uma das estéticas mais singulares do cinema atual, feita a partir de momentos desgarrados da vida íntima de personagens artísticos e emocionalmente instáveis. O essencial de seus filmes é que as imagens são tão frágeis e delicadas quanto a sensibilidade atribulada de seus personagens. Garrel boicota impiedosamente a narrativa de modo a dar para cada cena a unicidade de um instante sem antes ou depois.

“O ciúme” é, mais que uma história, o traçado da vida de um ator (Louis Garrel) durante o período de uma relação amorosa — e conflituosa — com uma atriz que não consegue emprego (Anna Mouglalis).

Em pouco mais de 70 minutos e num preto-e-branco belo e sóbrio, o filme é um pequeno ensaio sobre romantismo desesperado no mundo efêmero de hoje (não à toa, um dos atores colegas do protagonista chama-o de “jovem Werther”, como o personagem de Goethe).

De filme a filme, Philippe Garrel filma sistematicamente a mesma coisa: as paixões que começam e acabam, as relações com os pais e com os filhos, a instabilidade da vida (e do mundo). “O ciúme”, talvez mais que outras de suas obras, mostra um cineasta em sua zona de controle, flertando menos com o imprevisível. Ainda assim, é incrível a intensidade que Garrel consegue extrair de tudo aquilo que filma, seja um simples rosto de mulher chorando ou uma família sentada num banco de praça.



Fonte: http://rioshow.oglobo.globo.com/



Au revoir!

Locais de exibição de "O Ciúme"

Como vocês sabem "O Ciúme" estreou no Brasil. Abaixo você confere a lista de locais que a  Tucumán distribuidora de filmes disponibilizou que será exibição o longa:




Au revoir!

"O Ciúme": Uma ciranda amorosa

No jornal O Estado de S. Paulo, o crítico Luiz Zanin Oricchio comentou sobre o filme "O Ciúme". Segundo dele, o longa é  "Uma ciranda amorosa, só que filmada com todo o rigor de quem se reivindica autêntico herdeiro da Nouvelle Vague".

Confira a critica completa abaixo:





O imbróglio amoroso imaginado por Philippe Garrel lembra aqueles versos de Carlos Drummond de Andrade em ‘Quadrilha’. Em O Ciúme, é Louis (Louis Garrel, filho do diretor) que deixa Clotilde (Rebecca Convenant), a mulher com quem ele havia tido um filho, por outra, Claudia. Louis é amado por Claudia (Anna Mouglalis). Mas, um dia, ela conhece um arquiteto e, agora, é Louis quem teme ser abandonado.
Ou seja, uma ciranda amorosa, só que filmada com todo o rigor de quem se reivindica autêntico herdeiro da Nouvelle Vague. Garrel é autor atento às relações humanas. E dá aos sentimentos a espessura da contradição. Eles são sempre complexos, não-lineares e difíceis de serem entendidos pela lógica cartesiana. Todo mundo que já teve uma experiência amorosa radical sabe como é. Mas aqueles que fizeram do cinema comercial (em especial o norte-americano) sua única fonte de educação sentimental têm a ilusão de que essas coisas são simples. Não são. Garrel sabe disso.
Para completar suas fontes de referência, Garrel filma em preto e branco e usa planos longos e contínuos. Trabalha com o próprio filho, no limite da angústia de um personagem que sabe estar sendo vítima de sentimentos irracionais e, mesmo assim, nada consegue fazer para evitá-los. Está diante da ancestral tragédia do ciúme, que já foi tratada de diversas maneiras e por autores de todas as épocas. O clássico ‘Otelo’, de Shakespeare, é o melhor exemplo dessa tradição.
No longa, que concorreu em 2013 no Festival de Veneza, sobra acuidade na percepção da psicologia dos personagens. Não tenta explicá-la de maneira definitiva, mesmo porque os relacionamentos são suficientemente complicados para deixar boa parte de sua natureza na sombra. A natureza dessa ‘investigação’ (vamos chamá-la assim) lembra muito a que faziam em seus filmes diretores como François Truffaut (‘A Mulher do Lado’) e Jean Eustache (‘La Maman et la Putain’). É cinema para adultos.










Fonte: http://blogs.estadao.com.br/




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