quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Prêmio César 2015: Saint Laurent

Ontem (28/01) foram anunciados os indicados a uma das mais importantes premiações do cinema francês, o César. Com dez indicações, a cinebiografia dirigida por Bertrand Bonello e estrelada por Gaspard Ulliel e Louis Garrel disputará diretamente as estatuetas, com o também longa biográfico sobre YSL, "Yves Saint-Laurent" (Jalil Lespert). Ambos foram indicados à" Melhor direção de fotografia", "Melhor figurino", "Melhor direção de arte", "Melhor ator coadjuvante" e "Melhor ator".





Louis entra na disputa na categoria " Melhor ator coadjuvante". Concorrendo com ele estão Eric Elmosnino (A Família Bélier), Jérémie Renier (Saint Laurent), Guillaume Gallienne (Yves Saint-Laurent) e Reda Kateb (Hipócrates).

* Mommy, de Xavier Dolan, também está na disputa


Destaque no cartaz de divulgação do prêmio: Fanny Ardant 


A premiação ocorre no dia 20 de fevereiro . Nos resta ficar na torcida !



Confira a lista completa dos indicados:


Melhor Filme

Amor à Primeira Briga
Meninos do Oriente
A Família Bélier
Saint Laurent
Hipócrates
Acima das Nuvens
Timbuktu

Melhor Diretor

Céline Sciamma, Garotas
Thomas Cailley, Amor à Primeira Briga
Robin Campillo, Meninos do Oriente
Thomas Lilti, Hipócrates
Bertrand Bonello, Saint Laurent
Olivier Assayas, Acima das Nuvens
Abderrahmane Sissako, Timbuktu

Melhor Atriz

Juliette Binoche, Acima das Nuvens
Catherine Deneuve, Dans La Cour
Marion Cotillard, Dois Dias, Uma Noite
Emilie Dequenne, Pas Son Genre
Adèle Haenel, Amor à Primeira Briga
Sandrine Kiberlain, Elle L’Adore
Karin Viard, A Família Bélier

Melhor Ator

Pierre Niney, Yves Saint-Laurent
Romain Duris, Une Nouvelle Amie
Gaspard Ulliel, Saint Laurent
Guillaume Canet, La Prochaine Fois Je Viserai Le Coeur
Niels Arestrup, Diplomacia
François Damiens, A Família Bélier
Vincent Lacoste, Hipócrates

Melhor Atriz Coadjuvante

Marianne Denicourt, Hipócrates
Claude Gensac, Lulu, Nua e Crua
Izïa Higelin, Samba
Charlotte Le Bon, Yves Saint-Laurent
Kristen Stewart, Acima das Nuvens

Melhor Ator Coadjuvante

Eric Elmosnino, A Família Bélier
Jérémie Renier, Saint Laurent
Guillaume Gallienne, Yves Saint-Laurent
Louis Garrel, Saint Laurent
Reda Kateb, Hipócrates

Revelação Feminina

Lou de Laâge, Respira
Joséphine Japy, Respira
Louane Emera, A Família Bélier
Ariane Labed, Fidelio, L’Odyssée D’Alice
Karidja Touré, Garotas

Revelação Masculina

Kevin Azaïs, Amor à Primeira Briga
Ahmed Dramé, Les Héritiers
Kirill Emelyanov, Meninos do Oriente
Pierre Rochefort, Um Belo Domingo
Marc Zinga, Qu’Allah Bénisse La France

Melhor Roteiro Original

Amor à Primeira Briga
A Família Bélier
Hipócrates
Acima das Nuvens
Timbuktu

Melhor Roteiro Adaptado 

La Chambre Bleue
Diplomacia
Pas Son Genre
Lulu, Nua e Crua
La Prochaine Fois Je Viserai Le Coeur

Melhor Filme Estrangeiro

Winter Sleep
Boyhood
12 Anos de Escravidão
Dois Dias, Uma Noite
Mommy
Ida
O Grande Hotel Budapeste

Melhor Filme de Estreante

Amor à Primeira Briga
Elle L’Adore
Fidelio, L’Odyssée D’Alice
Party Girl
Qu’Allah Bénisse La France

Melhor Trilha Sonora

Garotas
Pessoas-pássaro
Amor à Primeira Briga
Timbuktu
Yves Saint-Laurent

Melhor Edição

Amor à Primeira Briga
Hipócrates
Party Girl
Saint Laurent
Timbuktu

Melhor Direção de Fotografia

A Bela e a Fera
Saint Laurent
Sils Maria
Timbuktu
Yves Saint-Laurent

Melhor Direção de Arte

A Bela e a Fera
La French
Saint Laurent
Timbuktu
Yves Saint-Laurent

Melhor Figurino

A Bela e a Fera
La French
Saint Laurent
Une Nouvelle Amie
Yves Saint-Laurent

Melhor Documentário

Caricaturistes – Fantassins De La Démocratie
Les Chèvres De Ma Mère
A Escola de Babel
National Gallery
O Sal da Terra

Melhor Som

Garotas
Pessoas-pássaro
Amor à Primeira Briga
Saint Laurent
Timbuktu

Melhor Animação

Minúsculos
Jack Et La Mécanique Du Coeur
Song of the Sea

Melhor Curta

Aïssa
La Femme De Rio
Inupiluk
Les Jours D’Avant
Où Je Mets Ma Pudeur
La Virée A Paname

Melhor Curta em Animação

Bang Bang!
La Bûche De Noël
La Petite Casserole D’Anatole
Les Petits Cailloux




Au Revoir.


sábado, 3 de janeiro de 2015

Ask ! - Não atrasarei mais !



Peço mil desculpas pela enorme demora em responder a pergunta que estava inbox no Ask.com. Enfim, agora está devidamente respondida, basta clicar AQUI e conferir a responta!


Ainda tem alguma dúvida? Sugestão?Critica*? Vai lá no nosso Ask e deixe a sua contribuição !






* Lembrando que as criticas devem ser construtivas, comportamentos considerados ofensivos ou desrespeitosos serão ignorados.


Au revoir !

Não é só de cinema que Garrel vive

Isso mesmo! Para quem não sabia, Louis já atuou em produções teatrais. Sendo algumas delas: Les Vagues d'après Virginia Woolf (2004), Viol d'après Titus Andronicus (2005), Dionysos Impuissant (2005), La Trilogie de Belgrade (2005) e Les Fausses Confidences (2013).

Durante este mês postarei informações e imagens a respeito de cada peça. Iniciarei com "Dionysos Impuissant', adaptação contemporânea de "As Bacantes" de Eurípides, assinada por Christophe Honoré com Louis Garrel no papel de Dionísio e Joana Preiss no papel de Sêmele.







Tendo sua estréia em 2005 no Festival d'Avignon de teatro, a peça fala sobre a história mitológica do rei Penteu, de Tebas, e de sua mãe, Agave, e da punição dos dois pelo deus Dioniso, primo de Penteu, por sua recusa em venerá-lo e pelo injusto descrédito em que pairava o nome de sua mãe, Sêmele.


Confira abaixo algumas imagens:













Além do Louis, o elenco ainda conta com Joana Preiss, Sébastien Eveno, Julien Honoré e Chantal Hymans.



Au revoir !

“O Ciúme”, nada romântico

Confira mais uma critica do filme “O Ciúme”(La Jalousie) :





Por Cloves Geraldo



Cineasta francês Philippe Garrel usa liberação da mulher e pós-feminismo para descontruir papel do homem do século21 nas relações amorosas


Nada mais enganoso do que ver este “O Ciúme” como um drama romântico, quando na verdade o cineasta francês Philippe Garrel (Fronteira da Alvorada, 2008) quer discutir o papel que coube ao homem no pós-feminismo e na liberação da mulher. Nem o ciúme aqui é contingente, pois reflete mais a decadência do machismo, dos imperativos românticos e, por que não, da pura chantagem, usada para trazer de volta a amada. Ou se o espectador quiser, do que restou do macho neste século.

Desde o início, Garrel se põe a construir esta dualidade. Logo na abertura imobiliza sua câmera na desesperada Clotilde (Rebecca Convenant), clamando pela permanência do companheiro, o ator Louis (Louis Garrel). O espectador, a partir daí, terá a visão dele como o homem que dita as regras da separação. Isto não irá mudar nem quando passa a dividir o sótão de um prédio com a atual companheira, a atriz Claudia (Anna Mouglalis), que deve aguardar as iniciativas dele, mesmo em crise.

Garrel estrutura os entrechos de forma a envolver o espectador nas relações de Louis com a filha, a pequena Charlotte (Olga Mishtein), seus amigos atores teatrais, a irmã Esther (Esther Garrel) e, claro, Claudia. Cada uma destas sequências se constitui numa subtrama que reforça o tema central. Cabem a Louis as iniciativas: a filha deve esperar sua visita, os amigos atores sua amizade, a nova companheira seus momentos disponíveis. Entretanto, ele não tem emprego nem estabilidade financeira.

Louis destitui-se do papel de macho

A simplicidade com que Garrel encadeia os entrechos, sem preparação, usando cortes secos, desconcerta numa época que as trilhas sonoras ditam a narrativa. Ele prefere transitar entre os diversos núcleos de ação tendo às vezes acordes de violão como fundo. Ao centrar-se nas relações de Louis com Charlotte temos o pai cuidando da filha, numa idade delicada. Assim, destitui-se da condição de macho, que apenas fecunda, deixa de compartilhar a educação da prole e usa seu tempo livre para estar com os amigos.

Ilustra-o bem a emblemática sequência do pirulito no parque com Charlotte e Claudia. Esta se intromete invertendo as posições, trazendo o lúdico para a cena, com as duas terminando por influenciá-lo. É esta flexibilidade que lhe falta nas relações com a hesitante Claudia. Desempregada, sem papéis em filmes ou peças, ela se divide entre ele, o frágil equilíbrio interior e a busca de um novo emprego, que melhore suas condições de vida. São nestes momentos que a dualidade homem/mulher retorna forte.

Mais do que mutua paixão, ela passa a depender dele para suportar o difícil momento que atravessa. E ele não se dá conta que isto se torna um martírio para ambos, pois viver no sótão representa a decadência para ela. O pior da pobreza para Claudia é viver sem dinheiro. E ele sempre adia uma solução, por ter-se acomodado à situação e a obriga também a fazê-lo. Não vê que isto o torna o obstáculo do qual ela deve se livrar. Nem quando ela entra em desespero, obtém a solidariedade dele.

Choque brota de situação banal

O bom destes entrechos é que Garrel não se vale de subterfúgios para o espectador entender as motivações de Louis e Claudia. A violência vem dos impasses da vida a dois, da inércia dele, ditada por sua condição de macho. O sofrimento interior e físico dela emerge sem intensas cenas que levem ao desabafo, como na sequência em que ela surge na cama e se mostra agoniada. E quando, finalmente, há o choque, ele brota de uma situação quase banal. A iniciativa dela para sair do impasse fere a supremacia machista de Louis.

É então que Garrel e seus corroteiristas Caroline DeRuas, Arlete Langmann e Mark Cholodenko fecham o tema central: a perda da razão do homem no pós-liberação feminina. Ele que nas sequências iniciais negligenciou as suplicas de Clotilde, abandonando-a com Charlotte, sente-se ferido e ultrajado pela atitude forçada tomada por Claudia. Seu gesto-limite beira o romantismo, de atitude extrema, para trazê-la de volta.

A conversa dele com a irmã Esther no quarto de hospital traduz sua insegurança, sua imaturidade e incompreensão da motivação de Claudia. A dependência financeira dela, fere mais que traição e carência amorosa. E não se trata de ser submissa às imposições de Louis, como suposto chefe do casal, mas da recusa dele em aceitar que ela tenha tomado a iniciativa de tirá-los do sótão e, portanto, das precárias condições de vida que levavam.

É desta forma que Garrel (1948), em filme de eficiente preto e branco de Willy Kurant, que bem traduz o estado psicológico dos personagens, monta em 77 minutos uma obra que discute a crise do macho, do homem enquanto reflexo de um sistema também em crise, como o capitalismo em sua fase neoliberal. Desta maneira, ele retoma o frescor dos primórdios da Nouvelle-Vague, à qual pertenceu, quando ousar não era acomodar-se aos ditames da bilheteria. Algo se move e este mover tem consequências.




Fonte: http://www.vermelho.org.br/



Au revoir.